segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aulas de Substituição por Amas-Secas, Guardadores ou Cuidadores

Nem parecia que estávamos num directo televisivo, com milhões de pessoas a assistir. Falava-se nas tão célebres aulas de substituição e a Srª Ministra resolve revelar-se no seu melhor: “os senhores professores se têm que fazer de amas-secas e guardar meninos… ”. Lembram-se. Incrivelmente, algumas pessoas bateram palmas (o pior que pode existir é um povo desinformado e pouco esclarecido; ajuda à implementação de ditaduras…). Provavelmente, papás que acham que a Educação só deve ser dada na Escola e que os filhos têm é que estar guardados e protegidos. Alguns, se pudessem, deixavam-nos na Escola à hora a que vão para o emprego e iam-nos buscar à hora de deitar. Enfim. Estou à vontade para escrever isto, pois também sou pai, e como tal, sei que não é esta a função da escola: Guardar Meninos. Alguém já escreveu que a Educação começa em casa, eu penso que devia ter começado na casa dos avós de cada um de nós …Voltando ao debate televisivo de 21-11-2005, vimos e ouvimos que de pouco valeu o que o Professor António Nóvoa, para mim, o maior especialista Português e um dos maiores especialistas mundiais em Educação, disse sobre o problema do país: o pouco (“quase nada” cfr. Nóvoa) investimento que tinha sido feito nos últimos 50 anos nesta área. Assim, depois de tanto dinheiro gasto nessa formação, será que valeu a pena? Pegando na ideia da Srª Ministra, acho que foi dinheiro desperdiçado. Sabem quanto custa formar um Educador e um Professor? Milhares de euros! Sabem quanto tempo demora a formar um Educador e um Professor? Entre 17 e 23 anos, isto se se fizer um mestrado e um doutoramento (Srª Ministra nos Jardins de Infância e na Escola Básica e Secundária, também há docentes mestres e doutores!!!). Por isso, nesta lógica de ama-seca, guardador ou cuidador, não havia necessidade do Estado e das famílias terem dispensado tanto tempo e dinheiro, isto sem qualquer menosprezo para com as Amas, que são tão precisas como outros profissionais quaisquer. Mas pronto, agora esse papel tem que caber aos docentes! Tanto dinheiro e tempo perdido!!... Não fosse o país elitista e novo-rico em que nos tornámos (vejam o que foi dito no programa: os filhos desse país elitista não frequentam a Escola Pública. Porque será?) e não se estaria a querer que os docentes tivessem mais esta função que em nada abona a favor do prestígio da educação e da inteligência dos filhos que os papás, que então bateram palmas, desejam. O problema da escola tem que ser encarado com respeito, dignidade e profissionalismo. Há hoje variadíssimos cursos (animação sócio-cultural, comunitária, educador social…) e licenciados no desemprego, que podem numa lógica, não de guardadores, mas de pessoas implicadas no acto educativo, promover e dinamizar as tais aulas de substituição na perspectiva de educar (não ocupar) com dignidade e valor as aprendizagens e princípios (solidariedade, respeito, amizade, lealdade, honradez, sinceridade…) dos meninos, de forma a que estes não sejam mais um número, mas sim uma pessoa. Porém, como pai, (e ainda ninguém teve a coragem de dizer isto) também tenho a certeza que as crianças deviam ter a possibilidade de, de vez em quando, terem um feriado (já não se lembram como era bom?!...) para poderem brincar, jogar à bola, crescerem nas aprendizagens da vida (evitando a desumanização que ouvi, aqui há tempos, de um professor de medicina que dizia que tinha os alunos mais inteligentes do mundo, mas também os mais frios deste mundo). Neste sentido, se a lógica for a economicista, ou seja, a lógica da sociedade intelecto-bárbara e selvagem (SILVESTRE, 2003*) que somos, então está certo: os meninos têm mesmo é que estar ocupados (pseudo)cientificamente e redomados (será que acabei de inventar uma palavra?!) dos infelizes. Se é assim, então sim: vivam os docentes amas-secas, guardadores e cuidadores. Mas mesmo assim, ainda me atrevo a fazer um apelo: os senhores educadores e professores não se podem esquecer que só existem porque há alunos; mas os papás (não se esqueçam que há professores que são pais) também não se podem esquecer que o contrário é igualmente verdadeiro. Como tal, tem que haver mais respeito e dignidade de parte a parte e depois, como os mais velhos têm que, segundo a lei universal de há milhares de anos, ser mais responsáveis e profissionais, também têm que ter mais autonomia e autoridade, não autoritarismo… Entendam-se, dialoguem… ingenuamente (!!!) penso que o que todos queremos é o mesmo: o bem da sociedade!!!... mas as moscas apanham-se com mel, não é com fel!!!…

*SILVERSTRE, C. (2003). Educação e Formação de Adultos, Como Dimensão Dinamizadora do Sistema Educativo. Lisboa: Instituto Piaget, Colecção Horizontes Pedagógicos.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Mais de um século após...

Podia ter sido hoje …
o País que temos continua o que sempre foi, 113 anos depois…

Tenho escrito muito sobre a defesa de uma verdadeira educação/formação que pudesse levar o indivíduo a ser realmente autónomo, livre e justo. Já em tempos escrevi uma crónica baseada em Eça de Queirós (1871). Concluí nessa altura que afinal o país que somos advém daquilo que sempre fomos e tivemos (pouca educação/formação); ou melhor não fomos nem tivemos (educação/formação) de forma a poder escolher com propriedade e sem paixões partidárias quem nos defendesse. Isto é, que soubéssemos, na realidade, ser capazes de ler nas entrelinhas dos programas eleitorais aquilo que realmente os políticos querem de nós.
Há uns tempos atrás recebi um mail que trazia a seguinte mensagem: podia ter sido hoje… e que pretendo partilhar convosco, porque na realidade é mesmo hoje e traduz exactamente o meu pensar, embora eu não tenha as competências, nem a destreza intelectual para usar as palavras que aqui são expressas, senão leiam com atenção:
Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...). Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...). Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime dos pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria. A Justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)
Pois é queridos compatriotas, estamos perdidos há muito tempo, já o dizia Eça de Queirós em 1871, corrobora-o, também agora, neste excerto Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896.
Que fazer? Faça a sua parte, eu estou a fazer a minha… leia, eduque-se permanentemente, seja interventivo, participe na vida da sua comunidade, denuncie, pense pela sua cabeça, deixe de ser fanático… sei lá, há tanto para fazer, para que os nossos filhos possam ter futuro e vida no futuro…

segunda-feira, 13 de julho de 2009

No País do Fio Dental…Nada está Mal



Um Conto Real, num país irreal ou será que é o contrário?... Já não sei estou baralhado...

Introdução
Se está a pensar ler mais uma história a bater no ceguinho, desiluda-se, pois seria tanta a pancada que, mesmo que branda, esfacelaria totalmente quem a levasse, tal como diz o ditado popular: água mole em pedra dura, tanto bate a té que fura!

Era uma vez um Ministro, que vivia num país muito distante chamado o país do Fio Dental e que fazia parte de um Governo, desgovernado, que tratava muito mal os seus paisanos.
Esse país começou por se chamar País do Cherne (dada a abundância dessa espécie mamífera!!!). Mais tarde, passou a chamar-se País da Tanga, estando hoje com a designação acima transcrita de Fio Dental e a caminhar a passos largos para a máxima O Rei Vai Nu.
Nesse Governo, existiam muitos (des)governantes, mas havia um, em especial, muito adorado por todos: desde a mais tenra criancinha, passando por todas as organizações preocupadas com o estado da educação e formação do país, até ao mais adulto idoso.
No dia em que tomou posse, com grande pompa e circunstância, as suas palavras foram música melodiosa para todos os paisanos. Fazendo jus ao seu nome - Justino - tudo prometeu, e exclamou a todos os ventos (já sabemos que “palavras leva-as o vento”…) que tudo iria mudar: acabar-se-iam com as injustiças; os meninos iriam ter melhores condições; os papás teriam mais tempo para acompanhar os filhinhos desprotegidos (cujos papões nas escolas lhes faziam muito mal…); os educadores entrariam mais cedo e sairiam mais tarde que os professores; os professores ou faziam pela vida ou seriam castigados na avaliação de desempenho; os destacamentos iriam ser mais rigorosos; a descentralização, tão importante num mundo desburocratizado, iria centralizar-se; todas as escolas seriam agrupadas, mesmo que não existissem condições; todas as escolas 2,3 teriam que ceder o 3 às secundárias e absorver o 1 (mesmo antes de sair a lei); as escolas iriam transformar-se em empresas, com gestores a sério e tudo; a LBSE iria ser alterada e passar-se-ia a chamar LBE, nem que para isso só fosse aprovada pela coligação; os concursos seriam mais transparentes (estranha-se um pouco, pois sempre se ouviu dizer nesse país, que os concursos de docentes eram os únicos concursos que faziam jus a esse adjectivo), seriam mais rigorosos e mais céleres, pois agora havia umas máquinas onde as pessoas, preferencialmente, tinham que concorrer…
Ora tudo isto foi acontecendo mais ou menos de forma desastrosa, até que um dia chegaram as listas provisórias dos concursos de docentes e a catástrofe deu-se. Perante tal calamidade, o Sr. Ministro e um seu amigo e companheiro descendente de Morgados, que não eram tolos, reuniram de emergência e resolveram chamar todos os sindicatos:
- Olha lá Morgado, e se chamássemos os sindicatos e lhes passássemos a batata quente para a mão. – disse o Sr. Ministro.
- Como assim?! – perguntou admirado o Dr. Morgado.
- Simples, dizemos-lhes que os compreendemos, que reconhecemos alguns erros e que vamos resolver tudo, mas eles têm que nos ajudar. Ora, eles, ao terem uma palavra a dizer no remédio que queremos utilizar, já não podem depois dizer que não participaram na cura.
- Pois, pois… compreendo, mas já viste, antes, praticamente nem lhes ligamos… Será que agora eles estão dispostos a ouvir-nos?
- Mas claro! Vai, mas é lá tratar do assunto.
E assim foi. O Dr. Morgado veio a terreiro convocar de urgência todos os sindicatos do sector. Ficou a saber-se que, afinal, aquelas listas eram só meros “instrumentos de trabalho” e que contavam com todos para ajudar nessa tarefa. Ficou também a saber-se que, nesse país, não havia (ir)responsáveis por nada. Os únicos (ir)responsáveis eram os docentes que, se quisessem, tinham que reclamar. Um docente mais positivista ainda disse que essas reclamações, provavelmente, serviriam para ajudar a resolver o problema criado pelas auto-máquinas, uma vez que, como elas eram autónomas, tinham sido elas a decidir os dados a utilizar… (e como estavam avariadas das trovoadas de Maio…) ultrapassaram os seres com cérebro desse país: docentes e pessoal administrativo das escolas que tinham validado esses dados…
O discurso de exigência e rigor não partia do exemplo. Isto é, esse povo tinha muitos ditados; um deles muito interessante: “quem quer o exemplo tem que o dar”, dizia um, dos pobres, apanhado nesta teia, que, ainda por cima, já era efectivo havia 12 ou 13 anos e, pelos vistos, teria que recomeçar como contratado e sujeitar-se às substituições… tendo em conta as ditas listas provisórias não definitivas.
Problemas destes e outros não faltaram nessas listas. Todavia, no referido encontro, tudo se esclareceu: ninguém ficaria prejudicado...
Passaram-se alguns tempos… porém, o essencial da história manteve-se, e, como tal, no País do Fio Dental… Tudo continua a Não Estar Mal!!!
Houve pequenas adendas (ou acessórios). Resumidamente, um deixou de se chamar Justino e outro Morgado. Passaram a chamar-se o JUSTO e o PECADOR. E aconteceu a entrada em cena de uma Tia muito simpática porque, sempre que questionada, a tudo respondia de forma a agradar a gregos e a troianos e sempre com um sorriso nos lábios, numa clara manifestação de responsabilidade e de chã das cinco… na linha…
Mas vamos à continuação da história.
Em virtude do êxodo do cherne para outras paragens, o tal Justino e o tal Morgado passaram a lendas vivas, mas tristes e desprezados, não só pelo povo, mas inclusive pelos seus mais próximos amigos e companheiros de governo. Se o JUSTO, ainda veio a terreiro querer defender-se e dizer que se “demarcava” uma vez que a incompetência e irresponsabilidade, afinal, não era das máquinas, como se tinha referido na primeira parte desta lenda, mas sim, do tal PECADOR que ele não conhecia de parte nenhuma e que lho tinham impingido, ou ainda pior, de uma infiltrada do povo vizinho, qual Mata Hari que o que queria era ver desaparecer aquele pobre país. E a melhor forma de o concretizar, era fazer com que a população fosse toda iletrada e analfaburra (termo popular só utilizado naquele país), pois essa infiltrada já tinha descoberto que a evolução e o desenvolvimento de um povo passava pela melhor ou pior educação/formação do mesmo. Enfim, todas estas acusações se deram, numa clara demonstração de excelentes princípios, de amizade, lealdade e solidariedade. Aliás, valores que muito proliferavam nesse país. Recorda-se um episódio que aconteceu em relação aos docentes desse país, que numa excelente prova de abnegação e solidariedade para com quem realmente estava doente e precisava de utilizar uma ajuda que se chamava Destacamento por Condições Específica (DCE), teve o apoio da maior parte dos colegas, apoio esse traduzido no elevado número de pedidos de DCE. Isto é, como uns estavam doentes e a precisar do DCE, então os outros, num acto de pura amizade e solidariedade juntaram-se a estes para que eles não estivessem sozinhos nessa luta.
Bem, mas voltando aos governantes do tal país do fio dental, se o então ministro ainda acusou, do primeiro acusado (o tal Morgado) desconhecemos totalmente o seu paradeiro. Investigações feitas pelo nosso inspector-mor, referem-nos que o castigo da fogueira, ou calabouço não consta que exista por aquelas bandas. O mais certo foi, segundo este inspector, ter sido premiado com um cargo melhor remunerado, que assegure uma excelente reforma e que permita uma menor visibilidade e menos responsabilidade.
Quanto à infiltrada (perdoe-me a expressão mas foi o que depreendeu o inspector-mor na sua investigação) bem que estrebuchou e se defendeu, mas de pouco lhe valeu, pois esse povo tinha muitos ditados como já se viu na primeira parte; e um deles dizia assim: quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão…
Relativamente ao JUSTO, sabe-se que voltou à escola. E como é professor, e como teve excelentes professores antes dele que lhe passaram excelentes valores e princípios, como se viu, está o povo do País do Fio Dental seguro e feliz por poder continuar a ser tão bem formado.
A propósito de escola, o nosso inspector-mor diz-nos que fez uma análise à Educação/Formação que os últimos 30 anos tinha produzido no País do Fio Dental e que, muito provavelmente, estariam na causa de tanto problema, segundo os mais optimistas, mas que para este inspector-mor se deveria considerar antes, não como um problema, mas como um triste, deplorável e lamentável caso de arrogância, prepotência, incompetência, irresponsabilidade e grande falta de lealdade, solidariedade e respeito para com toda a sociedade Fio Dentalense em geral (onde se incluíam os senhores jornalistas) e muito em particular para com os pais/encarregados de educação, crianças e jovens e, claro está, os educadores e professores desse país.
Pelo que se sabia, estes valores arrogância e prepotência, ainda vinham do tempo em que a inquisição imperou no então reino. Diz-se reino, pois nessa altura ainda não era país. Esse reino chamava-se … azar e tinha um Rei muito Tirano.
Ora, a Escola que era feita, entre outros intervenientes, por pais, professores e Estado não conseguira, até então, corrigir e, a continuar dessa forma, acreditavam os homens livres e de bons costumes, não conseguiria resolver jamais tais virtudes, uma vez que a vontade de protagonismo e status quo instalado nesse país era de bradar aos céus.
Quanto à amizade, lealdade, solidariedade e respeito foi coisa que se perdeu. Primeiro com a queda do tirano, mais tarde com a perda de identidade, com os milhões de apoio de uma “confederação” de povos (contra-senso solidário) e com a necessidade exigida, pelos tais povos, de atingir altas taxas de sucesso e de convergência, o que levou a que se educassem/formassem pessoas que não olhavam a meios para atingir fins.
Nesses tempos estavam no governo do País do Fio Dental, pessoas que tiveram professores e pais que os deixaram prosseguir na escola e na vida por esta via sinistra e tortuosa, dada a grande falta de formação na área e o distúrbio interno de cada pessoa, próprio de quem tinha saído de uma tirania e passava a poder dizer livremente a sua palavra.
Não se soube educar/formar convenientemente os seus futuros governantes. O bom pai não é aquele que tudo dá a um filho, mas aquele que sabe dizer não, quando é não – dizia um dos anciãos daquele povo que acrescentava – que naquele tempo se tinha passado do oito para o oitenta. (Foi, também, por esta altura que o inspector-mor introduziu na história um parêntesis e apelou a todos os professores que lutassem por desenvolver até às últimas consequências os princípios e valores morais e éticos da lealdade, solidariedade, amizade e respeito, pois só assim os Fio Dentalenses teriam futuro.)
Ora - continuava o tal ancião – como se pode querer que depois as pessoas sejam competentes e responsáveis se não estão habituados a lutar por nada? Se tudo que querem têm. E se não conseguem, é só fazerem uma birrinha e já está…Ou então coligam-se (normalmente, com um dos progenitores ou outro invejoso professor) para atingir os seus próprios objectivos…
Realmente, não foi mais do que fizeram, até agora, estes senhores…

Moral da História
Haja bom senso e pense-se objectivamente naquilo que queremos e se a Educação/Formação das pessoas está verdadeiramente assegurada de forma a gerar governantes e responsáveis (seja pelo que for) que saibam ser leais, solidários, amigos, respeitadores e merecedores de vitalizarem condignamente a competência e a responsabilidade…

O Que Ficou por dizer … Breve Resumo do caos…

- Parem de brincar com a dignidade das pessoas. Se alguma vez houve razão para não dar tolerância de ponto, esse momento foi o dia 4 de Outubro de 2004. Pois como dizem e sabem, estamos muito atrasados e precisamos de trabalhar em todos os sectores. Caso não se tenham dado conta, o facto de não haver professores colocados teve aquilo a que se chama de efeito borboleta. Todos os sectores da sociedade perderam: pais que não trabalharam, empresas que não produziram, doentes que se criaram, casamentos estragados, pessoas endividadas, bancos prejudicados (pelos seus), son(h)os perdidos, misérias escondidas…

- Está bem que podem dizer-me que pouparam um mês de salários vezes 30 mil professores e que com a artimanha bem engendrada da Internet (obrigatória), do telefonema, do fax, da viagem, do selo, do papel gasto porque necessários e obrigatórios, equivale a dizer que foi um excelente encaixe monetário, logo uma boa ajuda para o cumprimento dos critérios de convergência.

- Mas sabem se isto fosse um país a sério e onde pelos erros cometidos se tivessem que pagar chorudas indemnizações, e quem cometesse esses erros por manifesta e comprovada incompetência e irresponsabilidade respondesse em tribunal por isso, talvez houvesse mais responsabilidade, cuidado, respeito e dignidade no acto de governar este país.

Portanto e porque já embolsaram algum dinheirito, aproveitem estas sugestões:

- Rentabilizem os recursos humanos do ME alargando e estabilizando os quadros de escola, uma vez que ficou provado que as escolas só com os seus efectivos dificilmente podem funcionar. Lembro que, já que, têm que pagar aos Professores dos Quadros de Zona Pedagógica, então façam um brilharete: reduzam o número de alunos por turma e assim a qualidade da educação melhora de certeza sem haver necessidade de educar/formar na incompetência, na irresponsabilidade e na ilusão só porque temos que apresentar números à UE; Será que, com o que se passou neste ano lectivo, os meninos foram pedagogicamente apoiados? Não foi lamentável que os meninos tivessem tido dois, três ou mais professores? Então isto não é preocupante? Para que andamos então a enganar e a enganar-mo-nos?...

- Parem de iludir os desempregados licenciados e aqueles que se querem licenciar. Se querem reciclar façam um estudo de mercado sério e que traga futuro a Portugal. Apostem, por exemplo, no turismo (não é para os governantes o praticarem) e, como tal, apostem na introdução precoce de uma ou duas línguas ao nível do 1º e 2º ciclo (uma vez que está provado que as crianças as aprendem mais facilmente quanto mais novas sejam).

- Transformem o primeiro ciclo numa pluridocência com carga horária adequada mas aproveitando todos os professores desempregados de Educação Visual e Tecnológica, de Educação Musical, de Educação Física, de Francês/Inglês e de Informática (lembrem-se que o futuro está nos computadores, de forma a que as próximas listas de colocação de professores não criem mais do(c)entes.

- Façam um favor à sociedade: assumam o vosso sacerdócio (lutar pela educação) e não deixem que pseudo-pedagogos deste país que, por incrível que pareça, têm uma capacidade e uma facilidade enorme em falar de qualquer assunto, sempre com muita propriedade, não apareçam a largar aleivosidades e patacoadas, acreditando, por exemplo, que deveriam ser as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, ou as Escolas a colocarem os educadores e professores que precisassem. Até parece, os que dizem estas barbaridades, que não sabem em que país vivemos (lembrem-se daquele que colocou a filha em medicina…) (perdoem-me todos aqueles que fazem da sua vida um acto de honradez, justiça e verdade).
Pois é, estes que abrem a boca e pensam que têm estatuto para dizer o que lhes apetece, das duas uma: ou são líricos/anjinhos ou querem gozar com os educadores e professores deste país. Para estes pedagogos de trazer por casa, aconselho a leitura atenta deste artigo.

- Numa frase: apostem verdadeiramente na educação/formação do nosso povo, pois só assim viveremos melhor!!!

Como eu costumo dizer:
Se o meu vizinho estiver bem na vida ainda me poderá valer, caso contrário só me resta esperar e desfalecer.

Enfim, muito mais poderia dizer e fazer, agora. Mas para que conste, jamais, me verão a fazer demagogia e Show Off, com aquilo que considero problemas sérios e graves dos educadores e professores deste país, pois é disso mesmo que se trata.
Jamais usem os educadores e professores para dizer que fazem e acontecem…


Que este pequeno e humilde resumo de ideias sirva também como uma singela homenagem a todos os educadores e professores deste país, pelas insónias e noites mal dormidas, pelas arrogâncias, prepotências e antipatias, pelo sofrimento e angústia vividos ao longo destes anos. Tenham coragem e não se esqueçam que o futuro do mundo está nas vossas mãos, pois são vocês que formam (talvez estejam é a formar mal) os futuros governantes. Aproveito para desejar umas boas e merecidíssimas férias para todos.
Espero que percebam de vez a mensagem… olhem que não é presunção! É mesmo vontade que o mundo mude, para bem de todos nós e sobretudo dos nossos filhos.
Para os senhores governantes: parem de ser hipócritas e não tratem só das vossas vidas…

Um dia no...
Ministério da Educação!

 
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