sexta-feira, 30 de abril de 2010

A LIBERDADE e o 25 de Abril…

Confesso que, quando penso no 25 de Abril e no grito que ele pretendeu ser: Liberdade!!!, sinto que esse grito se extinguiu algures nestes últimos 35 anos de pseudo liberdade e de muita libertina(pilha)gem. A reflexão que aqui quero partilhar não pretende analisar esses anos passados nem o presente, tão somente pretende analisar o conceito em si, sabendo de antemão, que ele é inesgotável e que terá que ser sempre perseguido por qualquer pessoa Justa, Honrada, de Bem e de Verdade. Será que ainda existimos nesses princípios e lutamos por eles?

Se, por um lado, sinto que o valor mais importante que sempre pautou a minha existência e pelo qual tenho lutado foi o da liberdade, por outro, sinto que não sei nada sobre ela. Para mim, liberdade é ser capaz de não me deixar vergar, nem escravizar. Dizer sempre a minha palavra. Será que assim é? Pesquisei, li, interroguei-me e descobri que a pesquisa, a leitura e a interrogação são os factores principais para se ser livre. Ter capacidade de questionar o homem e o mundo é condição sine quanone para se ser livre; porém, também descobri que é preciso ser tolerante e respeitador e que há pessoas (como acontece comigo) que, na ânsia de liberdade, a confundem com egoísmo e egocentrismo.

O conceito de liberdade, filosoficamente falando, designa a ausência de submissão, de servidão e de determinação, isto é, ela qualifica a independência, a autonomia e a espontaneidade do ser humano. Segundo alguns historiadores, o homem teve sempre como grande objectivo, desde os filósofos gregos, passando pelos Romanos e Helénicos, até às escolas filosóficas modernas do Renascimento, Racionalismo e Iluminismo, encontrar o triângulo áureo da Beleza, do Bem e da Verdade, enfim, a unicidade do conceito de Homem: a liberdade. A história também nos diz que a evolução das sociedades sempre teve essa qualidade como muito rara. Enfim, uma ideia parece consensual: o homem justo e de bons costumes, na sua ânsia de perfeição, procurou, desde sempre, a sua essência assente na liberdade, morrendo até por ela. A história está repleta de tirania e opressão e de lutadores pela liberdade: recordemos Sócrates, não os deste tempo, mas o outro.

Dos Valores que a humanidade propõe, o primeiro é, sem dúvida, a Liberdade. Esta prática do livre pensamento e acção exige que todo o homem seja justo, solidário e que desenvolva à sua volta registos de paz, harmonia e concórdia. A divisa francesa Liberdade, Igualdade e Fraternidade, três dos valores superiores que a História destacou na conquista e desenvolvimento do ser humano e que tantos mártires fez, devia obrigar-nos, na continuação da luta contra a ignorância (aquilo a que eu chamo de escravatura intelectual), a servidão, a injustiça, o fanatismo, a opressão, a tirania, enfim, a inveja, logo, a maldade.

Como vemos, a todos os homens e mulheres de bem, o mundo exige, urgentemente, e acima de tudo, a árdua tarefa de buscar a perfeição, por isso, teremos de ser sempre combatentes do mal. Para mim, esse mal só pode ser combatido pela premissa constante da capacidade de interrogação que se adquire através da Educação. Educação como prática de Liberdade. Quando falo da educação do homem, não me refiro a seres com cursos superiores ou com muitos estudos científicos. Antes de mais, refiro-me a seres que juntem a esses conhecimentos a Ética, a Moral e os Valores mais dignos da Humanidade e pelos quais, temos que voltar a acreditar e lutar, correndo o risco de nos destruirmos, se não o fizermos. O homem inculto jamais será livre. O homem livre será sempre culto, justo, tolerante, solidário, empático… enfim, perfeito, porque compreenderá sempre o valor incalculável da sua liberdade e saberá que esta acaba sempre, onde começa a do seu igual.

É, pois, alicerçada nestes princípios que a Ordem Universal, formada por homens e mulheres de todas as raças, credos e nacionalidades, deverá trabalhar na busca da palavra perdida, por forma a construir o Templo Humano que se funda no amor fraternal e na Esperança de que, com esse Amor e o Amor a Deus, Pátria, Família e ao Próximo, mais os valores até agora citados, cimentados na constante e livre investigação da Verdade, que permita o progresso do Conhecimento Humano, das Ciências e das Artes, dentro dos princípios da Razão e da Justiça, façam com que o mundo e as pessoas que ele encerra possam alcançar a Felicidade Geral e a Paz Universal. Portanto, da minha aprendizagem no mundo, posso afirmar que a existência de todos nós tem que realçar o direito do homem à Liberdade sem a qual o ser humano deixa de o ser e perde até a razão de existir. A Liberdade encarada, portanto, como um processo, um processo intermultitranscultural. Inter, porque tem que se processar entre todos os seres humanos; Multi, porque aceita diferentes ideais, credos e raças e Trans porque atravessa os diferentes mundos, culturas e práticas por igual.

Para terminar, uma vez que este é um tema inesgotável, associada à liberdade, está também a noção de responsabilidade, já que o acto de ser livre implica assumir o conjunto dos nossos actos e saber responder por eles. Ser livre não é ter direito a tudo em que se é, faz e tem. Ser livre é ter responsabilidade em tudo o que se é, faz e tem. Daí que, no geral, ser livre é ter capacidade para agir (não reagir), com a intervenção da vontade e do querer. Querer é poder, dizem. Porém, teremos que nos questionar se seremos realmente livres. Se não confundimos liberdade com outros ideais como, por exemplo, libertinagem! Será que eu e vós somos livres? Uma vez li uma frase que me desassossegou:

A realidade é que, por mais que se fale em liberdade, os homens não são livres. Jesus afirmou isto quando, uma vez, ofereceu a liberdade aos homens do seu tempo. Ele disse: “Conhecerão a verdade e ela os fará homens livres”; isto porque é a própria verdade que liberta.

A verdade a que Jesus se refere é esta: somos escravos de vícios (roubalheiras vergonhosas a que assistimos todos os dias), preconceitos e pecados e precisamos dum libertador. Quem nos liberta? Quanto mais vamos aguentar? Será que temos razão de continuar a dizer: Viva o 25 de Abril? Alguns, talvez sim…

Para mim, Será sempre na humildade de consciência e conhecimento da liberdade que residirá a força para sermos livres. Carlos Silvestre

 
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