sexta-feira, 30 de outubro de 2009

GRIPE A

Muita coisa se tem dito e escrito sobre isto. Quem fala verdade e quem mente?
Uma coisa tenho a certeza.
Um povo competente (reparem que não digo inteligente) e devidamente educado saberia fazer a distinção.

Sobre este assunto, queria dar o meu contributo. Visitem este site: http://odiario.info/articulo.php?p=1327&more=1&c=1 parece-me sério e gostei de o ler.

SERÁ ISTO O QUE OS GOVERNANTES QUEREM DA ESCOLA E DA EDUCAÇÃO

Inacreditável
Chegou-me este texto à mão; não sei se é verídico ou não, mas tenho a certeza, pois conheço o ramo, que não há-de andar muito longe da verdade.
"Composição de um aluno de 9º ano "O Pipol e a Escola"
NOTA: Se não entenderem à 1ª tentem uma 2ª vez!!!!!!!!

Geração Phonix e Zonix + vodafnix + Uzix + Tmnix
(Texto verídico retirado de uma prova livre de Língua Portuguesa, realizada por um aluno do 9º ano, numa Escola Secundária das Caldas da Rainha (para ler, estarrecer e reflectir...!!!)). Era hilariante, não fosse tratar-se de um aluno Português a escrever na sua língua materna...

REDAXÃO
'O PIPOL E A ESCOLA'
Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem Direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. Primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.

Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes temum cuadrado? Ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?

E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os Lesiades''s, q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.

Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a Malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???

O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. Tarei a inzajerar? "

ADICIONO EU:
Para quando uma educação séria e à séria? Será que os srs. governantes deste mundo (especialmente do dito desenvolvido) não se dão conta da sua própria estupidez?
Aprendam rapidamente, pois parece que os países do Sol Nascente (Japão, China, Coreias) mais a Índia qualquer dia vão dominar o mundo e, tudo, porque para eles a educação é realmente uma BANDEIRA.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O REI VAI NU

Em tempos, escrevi, e publiquei posteriormente em livro (Papas Nunca na Minha Língua!, 2008: 25), um artigo a que chamei no País do Fio Dental… e já dizia que caminhávamos a passos largos para a máxima do rei vai nu. Penso que chegamos lá. Quando esperávamos que as férias fossem o momento certo para que as pessoas que estão à frente dos partidos decidissem, com mais calma e dignidade, o futuro do nosso país que, como todos sabemos e todos falam, se caracteriza por uma profunda crise de ideias, de valores morais e éticos, políticos, económico-financeiros e sociais (nomeadamente no que diz respeito à segurança social e das forças policiais, à saúde e à educação), o que vemos é uma escalada de decisões inacreditáveis e nem mesmo espectáveis para os próprios militantes desses partidos.
Porque será que se estão a passar fenómenos (!!!) como os que aqui abordarei?
O que querem esconder?
Porque dizem e defendem ideais que todos queremos e, na hora da verdade, decidem outros?
Já nem sequer há vergonha. Criticam-se, maltratam-se e ficam estupefactos uns e outros quando, afinal, parece que todos têm é telhados de vidro… que, pelos vistos, importa evitar que se quebrem, para que não se molhem/queimem.
Porque será que têm tanta vontade em esconder estes últimos 35 anos e evitar que outros apareçam?
Não será que existe um complô entre eles?
E essas críticas, maltratos e estupefacções não serão só para nos deitar areia para os olhos?
Vejam que a actual conjuntura tinha tudo, ainda aqui há um mês atrás, para fazer acreditar que um dos partidos da alternância, o PSD, pudesse fazer frente ao PS. Porém, e incrivelmente, esta senhora (para mim, não é nenhuma novidade, pois a senhora só tem uma diferença em relação ao senhor: é do sexo feminino), até parece que está a fazer de propósito (atentemos nas perguntas que coloquei acima) para perder as eleições. Será que está a preparar o dito Centralão?
Atentemos, então, em alguns dos seus últimos tiros nos pés:
O seu apelo ao engordar da classe rica como factor de desenvolvimento do país. Eu até sou a favor que isso aconteça desde que esses ricos paguem e distribuam a riqueza que obtêm justamente, e que não se ofereçam a si próprios brutos bólidos, brutas mansões, exorbitantes salários e despeçam e abram falência ao mínimo sinal de perda.
Outra barbaridade e desigualdade desta senhora passa pela sua repulsa em relação ao interior, por exemplo, em relação aos transmontanos quando se mostrou contra a construção da auto-estrada transmontana. (A propósito de transmontanos, houve um – Pedro Passos Coelho - que lhe fez frente e vai ter que atravessar o deserto, embora só vá ser, na minha opinião, metade do deserto, pois a dita senhora não se aguentará lá muito tempo.)
Outras incongruências têm a ver com a defesa da necessidade de diálogo, com a crítica à arrogância e à prepotência , com os valores de justiça e moral sobre a não possibilidade, por exemplo, de haver candidatos às eleições com processos e, a seguir, a senhora faz as suas listas de deputados e tem lá alguns e ainda vem dizer, quando questionado sobre esta situação, que este não é o momento para falar de coisas menores… (a pergunta é: se ela não cumpre estes requisitos dentro do partido, como seria se fosse primeira ministra?…).
Já agora, sobre essas listas, deixem-me manifestar a minha indignação e dizer-vos, que se eu fosse do PSD (quem me conhece sabe que não sou, tenho menos um D que, como sabemos, pouca ou nenhuma diferença faz, pelo menos, neste momento, e por tudo que já disse atrás) protestaria, mas se fosse militante activo, daqueles que costumam fazer parte das cúpulas distritais e concelhias das suas regiões, não protestaria, atiraria com a albarda ao ar. Perdoem-me a minha imiscuidade, mas estou preocupado com o nosso país e o PSD tem nele grandes responsabilidades. Por isso, penso que as pessoas desse partido e das regiões onde a sra. escolheu e impôs quem quis, numa autêntica caça interna às bruxas, deviam ser mais responsáveis e menos acomodadas aos tachitos que lhes vão calhando. Permitam-me que vos coloque, a vós, militantes e PSD’s com responsabilidades, as seguintes perguntas:
Como podeis aceitar que venha alguém que ninguém conhece defender os interesses das vossas regiões?
Pode o PSD dar-se ao luxo de desprezar quadros locais tão importantes?
Não têm vocês pessoas competentes e dignas nos vossos distritos?
Como podem deixar que vos passem este atestado de menoridade e incompetência?
Como vão fazer campanha apresentando quem ninguém conhece?
Vão defender o quê?
O que esperam que a oposição vos faça?
Não acham que se estão mesmo a pôr a jeito?
Será isto um dos caminhos para o complô (leia-se centralão)?
Vai ser bonito…
Termino com o seguinte pensamento em forma de questões:
Não estará na hora de aparecer alguém independente que consiga congregar pessoas desde a esquerda à direita, com sentido de igualdade, seriedade, livre, de bons costumes, justo de vontades e interesses (não pessoais, mas comunitários)?
Não estará na hora de dizer BASTA de Terreiro do Paço, de Largo do Rato, de São Caetano, de políticos oportunistas, corruptos, arrogantes e prepotentes?
Se acharem que posso ajudar, contem comigo.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Que País é Este? Para quando as Novas Oportunidades?

A presente situação Portuguesa caracteriza-se por uma profunda crise política, económico-financeira e social (nomeadamente no que diz respeito à segurança, à polícia, à saúde e à educação) da qual não se vislumbra o fim do túnel no quadro político actual, nem muito menos no imediato, se por imediato quisermos entender o que se está a passar presentemente, no dito e considerado maior partido da oposição.
Não gosto muito de falar/escrever de problemáticas às quais não estou ligado e não conheço em profundidade (dirão agora os meus leitores, então para que falas/escreves?). Falo ou melhor escrevo, porque considero este momento um dos cruciais (já houve e haverá outros) para o futuro de todos nós, enquanto cidadãos de Portugal e, consequentemente, do mundo global, argumentando que os factos que se dão localmente, se repercutem globalmente, logo temos todos outras responsabilidades.
Ora bem, não sendo eu militante do PSD, não devia vir para aqui exprimir a minha opinião, embora como cidadão de um país livre e democrata o possa fazer. Porém, a actual conjuntura impele-me a escrever devido à preocupação que sinto ao ver que este partido político, que tem tantas ou mais responsabilidades na actual situação do panorama português, se pode estar a dar ao luxo de dar tantos tiros nos pés. Desde já, alerto que nada me move contra o PSD, nem contra as pessoas (como pessoas) que, neste artigo, focarei. Aquilo que eu gostava era que o PSD fosse mesmo um partido de oposição credível e que contribuísse para uma verdadeira república democrática.
Todos se lembram (eu pelo menos) do que foram os últimos governos do PSD. Percebemos ou devíamos ter percebido devido a isso que, por exemplo, em Portugal, as maiorias ainda não são bem compreendidas por quem se tem que sujeitar a elas e, muito menos, por quem manda nelas (reparemos no que está a acontecer outra vez). Também, aprendemos que, quando não se consegue, se pode abalar para outras paragens (já outros o tinham feito). Depois, vimos que dar de frosques não é o melhor remédio pois deixamos o mal a outros que, por serem apanhados de surpresa, impreparação ou inabilidade, se acabam por esvaziar (em política parece que se diz queimar, embora aquilo que a tradição portuguesa mostra é que não se queimam muito e que é curta a travessia do deserto).
Entretanto, no meio disso tudo, o país é que sofre(u). Comecemos a análise pela educação, lembram-se ?! Foi entre 1993-1995 que se acentuou a sua degradação. Houve uma ministra à época que alinhavou o programa de combate, se assim quiserem entender, à Educação do País e que, após o Guterrismo, voltou a ser retomado por um outro ministro bastante parecido com a actual ministra: a única diferença, em relação a esse ministro, é que não tinha maioria.
Passando para o estado do Estado e das Finanças, a dita senhora, foi, no governo seguinte, ministra dessas duas pastas. Se até aí vivíamos no País da “Tanga”, (lembram-se da expressão do então 1º Ministro), nos dois anos em que ocupou essas pastas, passámos para aquilo a que eu chamei de o País do Fio Dental. Claro que não estou a dizer que a culpa foi só do governo em que a sra. em apreço também estava. Claro que dirão que tudo vem de outros tempos, mas de que tempos? Se nos quisermos lembrar e fizermos uma pesquisa histórica, poderemos constatar que todos os que agora se apresentam a candidatos ou já o foram ou já tiveram grandes responsabilidades naquilo em que se tornou o nosso país. Aliás, o mesmo acontece com o PS. Se agora essa senhora regressar, ao que tudo indica, a pergunta que se impõe é: E agora o que vai mudar? Nem sequer há a certeza de ser acrescentada mais uma letra a designação actual do governo.
Resumindo, aquilo que eu admiraria, da direita à esquerda, era que fossem dadas novas oportunidades a novos conhecimentos, saberes e competências. Porque será que os partidos não se modernizam e não deixam aparecer novos responsáveis que consigam acompanhar a evolução do mundo e tenham outras ideias? Não quer dizer que sejam melhores, mas pode ser que possuam outras soluções ou outras visões; pelo menos não têm vícios instalados, não têm (à partida) telhados de vidro, nem corredores minados e também não andam (à partida) em vingançazinhas e guerrinhas pessoais e fraticidas, parafraseando o Dr. Alberto João Jardim.
Não sei se os senhores políticos sabem, mas o mundo também evolui politicamente. Será que assim haverá alternativa? Ou melhor, para quando uma verdadeira alternativa que tire Portugal do infortúnio que é, mesmo sabendo que é difícil? Se, ao menos, os políticos percebessem o que é ser político e que quem quer o exemplo tem que o dar (atentemos na recentíssima aquisição das novas frotas automóveis… e nos 200 milhões de euros que podiam ter sido poupados com um tal sistema de comunicações – SIRESP – e que atravessou os 3 últimos governos - dois do PSD/CDS-PP e um do PS - … uma indecência). Nenhum deles está impune...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aulas de Substituição por Amas-Secas, Guardadores ou Cuidadores

Nem parecia que estávamos num directo televisivo, com milhões de pessoas a assistir. Falava-se nas tão célebres aulas de substituição e a Srª Ministra resolve revelar-se no seu melhor: “os senhores professores se têm que fazer de amas-secas e guardar meninos… ”. Lembram-se. Incrivelmente, algumas pessoas bateram palmas (o pior que pode existir é um povo desinformado e pouco esclarecido; ajuda à implementação de ditaduras…). Provavelmente, papás que acham que a Educação só deve ser dada na Escola e que os filhos têm é que estar guardados e protegidos. Alguns, se pudessem, deixavam-nos na Escola à hora a que vão para o emprego e iam-nos buscar à hora de deitar. Enfim. Estou à vontade para escrever isto, pois também sou pai, e como tal, sei que não é esta a função da escola: Guardar Meninos. Alguém já escreveu que a Educação começa em casa, eu penso que devia ter começado na casa dos avós de cada um de nós …Voltando ao debate televisivo de 21-11-2005, vimos e ouvimos que de pouco valeu o que o Professor António Nóvoa, para mim, o maior especialista Português e um dos maiores especialistas mundiais em Educação, disse sobre o problema do país: o pouco (“quase nada” cfr. Nóvoa) investimento que tinha sido feito nos últimos 50 anos nesta área. Assim, depois de tanto dinheiro gasto nessa formação, será que valeu a pena? Pegando na ideia da Srª Ministra, acho que foi dinheiro desperdiçado. Sabem quanto custa formar um Educador e um Professor? Milhares de euros! Sabem quanto tempo demora a formar um Educador e um Professor? Entre 17 e 23 anos, isto se se fizer um mestrado e um doutoramento (Srª Ministra nos Jardins de Infância e na Escola Básica e Secundária, também há docentes mestres e doutores!!!). Por isso, nesta lógica de ama-seca, guardador ou cuidador, não havia necessidade do Estado e das famílias terem dispensado tanto tempo e dinheiro, isto sem qualquer menosprezo para com as Amas, que são tão precisas como outros profissionais quaisquer. Mas pronto, agora esse papel tem que caber aos docentes! Tanto dinheiro e tempo perdido!!... Não fosse o país elitista e novo-rico em que nos tornámos (vejam o que foi dito no programa: os filhos desse país elitista não frequentam a Escola Pública. Porque será?) e não se estaria a querer que os docentes tivessem mais esta função que em nada abona a favor do prestígio da educação e da inteligência dos filhos que os papás, que então bateram palmas, desejam. O problema da escola tem que ser encarado com respeito, dignidade e profissionalismo. Há hoje variadíssimos cursos (animação sócio-cultural, comunitária, educador social…) e licenciados no desemprego, que podem numa lógica, não de guardadores, mas de pessoas implicadas no acto educativo, promover e dinamizar as tais aulas de substituição na perspectiva de educar (não ocupar) com dignidade e valor as aprendizagens e princípios (solidariedade, respeito, amizade, lealdade, honradez, sinceridade…) dos meninos, de forma a que estes não sejam mais um número, mas sim uma pessoa. Porém, como pai, (e ainda ninguém teve a coragem de dizer isto) também tenho a certeza que as crianças deviam ter a possibilidade de, de vez em quando, terem um feriado (já não se lembram como era bom?!...) para poderem brincar, jogar à bola, crescerem nas aprendizagens da vida (evitando a desumanização que ouvi, aqui há tempos, de um professor de medicina que dizia que tinha os alunos mais inteligentes do mundo, mas também os mais frios deste mundo). Neste sentido, se a lógica for a economicista, ou seja, a lógica da sociedade intelecto-bárbara e selvagem (SILVESTRE, 2003*) que somos, então está certo: os meninos têm mesmo é que estar ocupados (pseudo)cientificamente e redomados (será que acabei de inventar uma palavra?!) dos infelizes. Se é assim, então sim: vivam os docentes amas-secas, guardadores e cuidadores. Mas mesmo assim, ainda me atrevo a fazer um apelo: os senhores educadores e professores não se podem esquecer que só existem porque há alunos; mas os papás (não se esqueçam que há professores que são pais) também não se podem esquecer que o contrário é igualmente verdadeiro. Como tal, tem que haver mais respeito e dignidade de parte a parte e depois, como os mais velhos têm que, segundo a lei universal de há milhares de anos, ser mais responsáveis e profissionais, também têm que ter mais autonomia e autoridade, não autoritarismo… Entendam-se, dialoguem… ingenuamente (!!!) penso que o que todos queremos é o mesmo: o bem da sociedade!!!... mas as moscas apanham-se com mel, não é com fel!!!…

*SILVERSTRE, C. (2003). Educação e Formação de Adultos, Como Dimensão Dinamizadora do Sistema Educativo. Lisboa: Instituto Piaget, Colecção Horizontes Pedagógicos.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Mais de um século após...

Podia ter sido hoje …
o País que temos continua o que sempre foi, 113 anos depois…

Tenho escrito muito sobre a defesa de uma verdadeira educação/formação que pudesse levar o indivíduo a ser realmente autónomo, livre e justo. Já em tempos escrevi uma crónica baseada em Eça de Queirós (1871). Concluí nessa altura que afinal o país que somos advém daquilo que sempre fomos e tivemos (pouca educação/formação); ou melhor não fomos nem tivemos (educação/formação) de forma a poder escolher com propriedade e sem paixões partidárias quem nos defendesse. Isto é, que soubéssemos, na realidade, ser capazes de ler nas entrelinhas dos programas eleitorais aquilo que realmente os políticos querem de nós.
Há uns tempos atrás recebi um mail que trazia a seguinte mensagem: podia ter sido hoje… e que pretendo partilhar convosco, porque na realidade é mesmo hoje e traduz exactamente o meu pensar, embora eu não tenha as competências, nem a destreza intelectual para usar as palavras que aqui são expressas, senão leiam com atenção:
Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...). Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...). Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime dos pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria. A Justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)
Pois é queridos compatriotas, estamos perdidos há muito tempo, já o dizia Eça de Queirós em 1871, corrobora-o, também agora, neste excerto Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896.
Que fazer? Faça a sua parte, eu estou a fazer a minha… leia, eduque-se permanentemente, seja interventivo, participe na vida da sua comunidade, denuncie, pense pela sua cabeça, deixe de ser fanático… sei lá, há tanto para fazer, para que os nossos filhos possam ter futuro e vida no futuro…

segunda-feira, 13 de julho de 2009

No País do Fio Dental…Nada está Mal



Um Conto Real, num país irreal ou será que é o contrário?... Já não sei estou baralhado...

Introdução
Se está a pensar ler mais uma história a bater no ceguinho, desiluda-se, pois seria tanta a pancada que, mesmo que branda, esfacelaria totalmente quem a levasse, tal como diz o ditado popular: água mole em pedra dura, tanto bate a té que fura!

Era uma vez um Ministro, que vivia num país muito distante chamado o país do Fio Dental e que fazia parte de um Governo, desgovernado, que tratava muito mal os seus paisanos.
Esse país começou por se chamar País do Cherne (dada a abundância dessa espécie mamífera!!!). Mais tarde, passou a chamar-se País da Tanga, estando hoje com a designação acima transcrita de Fio Dental e a caminhar a passos largos para a máxima O Rei Vai Nu.
Nesse Governo, existiam muitos (des)governantes, mas havia um, em especial, muito adorado por todos: desde a mais tenra criancinha, passando por todas as organizações preocupadas com o estado da educação e formação do país, até ao mais adulto idoso.
No dia em que tomou posse, com grande pompa e circunstância, as suas palavras foram música melodiosa para todos os paisanos. Fazendo jus ao seu nome - Justino - tudo prometeu, e exclamou a todos os ventos (já sabemos que “palavras leva-as o vento”…) que tudo iria mudar: acabar-se-iam com as injustiças; os meninos iriam ter melhores condições; os papás teriam mais tempo para acompanhar os filhinhos desprotegidos (cujos papões nas escolas lhes faziam muito mal…); os educadores entrariam mais cedo e sairiam mais tarde que os professores; os professores ou faziam pela vida ou seriam castigados na avaliação de desempenho; os destacamentos iriam ser mais rigorosos; a descentralização, tão importante num mundo desburocratizado, iria centralizar-se; todas as escolas seriam agrupadas, mesmo que não existissem condições; todas as escolas 2,3 teriam que ceder o 3 às secundárias e absorver o 1 (mesmo antes de sair a lei); as escolas iriam transformar-se em empresas, com gestores a sério e tudo; a LBSE iria ser alterada e passar-se-ia a chamar LBE, nem que para isso só fosse aprovada pela coligação; os concursos seriam mais transparentes (estranha-se um pouco, pois sempre se ouviu dizer nesse país, que os concursos de docentes eram os únicos concursos que faziam jus a esse adjectivo), seriam mais rigorosos e mais céleres, pois agora havia umas máquinas onde as pessoas, preferencialmente, tinham que concorrer…
Ora tudo isto foi acontecendo mais ou menos de forma desastrosa, até que um dia chegaram as listas provisórias dos concursos de docentes e a catástrofe deu-se. Perante tal calamidade, o Sr. Ministro e um seu amigo e companheiro descendente de Morgados, que não eram tolos, reuniram de emergência e resolveram chamar todos os sindicatos:
- Olha lá Morgado, e se chamássemos os sindicatos e lhes passássemos a batata quente para a mão. – disse o Sr. Ministro.
- Como assim?! – perguntou admirado o Dr. Morgado.
- Simples, dizemos-lhes que os compreendemos, que reconhecemos alguns erros e que vamos resolver tudo, mas eles têm que nos ajudar. Ora, eles, ao terem uma palavra a dizer no remédio que queremos utilizar, já não podem depois dizer que não participaram na cura.
- Pois, pois… compreendo, mas já viste, antes, praticamente nem lhes ligamos… Será que agora eles estão dispostos a ouvir-nos?
- Mas claro! Vai, mas é lá tratar do assunto.
E assim foi. O Dr. Morgado veio a terreiro convocar de urgência todos os sindicatos do sector. Ficou a saber-se que, afinal, aquelas listas eram só meros “instrumentos de trabalho” e que contavam com todos para ajudar nessa tarefa. Ficou também a saber-se que, nesse país, não havia (ir)responsáveis por nada. Os únicos (ir)responsáveis eram os docentes que, se quisessem, tinham que reclamar. Um docente mais positivista ainda disse que essas reclamações, provavelmente, serviriam para ajudar a resolver o problema criado pelas auto-máquinas, uma vez que, como elas eram autónomas, tinham sido elas a decidir os dados a utilizar… (e como estavam avariadas das trovoadas de Maio…) ultrapassaram os seres com cérebro desse país: docentes e pessoal administrativo das escolas que tinham validado esses dados…
O discurso de exigência e rigor não partia do exemplo. Isto é, esse povo tinha muitos ditados; um deles muito interessante: “quem quer o exemplo tem que o dar”, dizia um, dos pobres, apanhado nesta teia, que, ainda por cima, já era efectivo havia 12 ou 13 anos e, pelos vistos, teria que recomeçar como contratado e sujeitar-se às substituições… tendo em conta as ditas listas provisórias não definitivas.
Problemas destes e outros não faltaram nessas listas. Todavia, no referido encontro, tudo se esclareceu: ninguém ficaria prejudicado...
Passaram-se alguns tempos… porém, o essencial da história manteve-se, e, como tal, no País do Fio Dental… Tudo continua a Não Estar Mal!!!
Houve pequenas adendas (ou acessórios). Resumidamente, um deixou de se chamar Justino e outro Morgado. Passaram a chamar-se o JUSTO e o PECADOR. E aconteceu a entrada em cena de uma Tia muito simpática porque, sempre que questionada, a tudo respondia de forma a agradar a gregos e a troianos e sempre com um sorriso nos lábios, numa clara manifestação de responsabilidade e de chã das cinco… na linha…
Mas vamos à continuação da história.
Em virtude do êxodo do cherne para outras paragens, o tal Justino e o tal Morgado passaram a lendas vivas, mas tristes e desprezados, não só pelo povo, mas inclusive pelos seus mais próximos amigos e companheiros de governo. Se o JUSTO, ainda veio a terreiro querer defender-se e dizer que se “demarcava” uma vez que a incompetência e irresponsabilidade, afinal, não era das máquinas, como se tinha referido na primeira parte desta lenda, mas sim, do tal PECADOR que ele não conhecia de parte nenhuma e que lho tinham impingido, ou ainda pior, de uma infiltrada do povo vizinho, qual Mata Hari que o que queria era ver desaparecer aquele pobre país. E a melhor forma de o concretizar, era fazer com que a população fosse toda iletrada e analfaburra (termo popular só utilizado naquele país), pois essa infiltrada já tinha descoberto que a evolução e o desenvolvimento de um povo passava pela melhor ou pior educação/formação do mesmo. Enfim, todas estas acusações se deram, numa clara demonstração de excelentes princípios, de amizade, lealdade e solidariedade. Aliás, valores que muito proliferavam nesse país. Recorda-se um episódio que aconteceu em relação aos docentes desse país, que numa excelente prova de abnegação e solidariedade para com quem realmente estava doente e precisava de utilizar uma ajuda que se chamava Destacamento por Condições Específica (DCE), teve o apoio da maior parte dos colegas, apoio esse traduzido no elevado número de pedidos de DCE. Isto é, como uns estavam doentes e a precisar do DCE, então os outros, num acto de pura amizade e solidariedade juntaram-se a estes para que eles não estivessem sozinhos nessa luta.
Bem, mas voltando aos governantes do tal país do fio dental, se o então ministro ainda acusou, do primeiro acusado (o tal Morgado) desconhecemos totalmente o seu paradeiro. Investigações feitas pelo nosso inspector-mor, referem-nos que o castigo da fogueira, ou calabouço não consta que exista por aquelas bandas. O mais certo foi, segundo este inspector, ter sido premiado com um cargo melhor remunerado, que assegure uma excelente reforma e que permita uma menor visibilidade e menos responsabilidade.
Quanto à infiltrada (perdoe-me a expressão mas foi o que depreendeu o inspector-mor na sua investigação) bem que estrebuchou e se defendeu, mas de pouco lhe valeu, pois esse povo tinha muitos ditados como já se viu na primeira parte; e um deles dizia assim: quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão…
Relativamente ao JUSTO, sabe-se que voltou à escola. E como é professor, e como teve excelentes professores antes dele que lhe passaram excelentes valores e princípios, como se viu, está o povo do País do Fio Dental seguro e feliz por poder continuar a ser tão bem formado.
A propósito de escola, o nosso inspector-mor diz-nos que fez uma análise à Educação/Formação que os últimos 30 anos tinha produzido no País do Fio Dental e que, muito provavelmente, estariam na causa de tanto problema, segundo os mais optimistas, mas que para este inspector-mor se deveria considerar antes, não como um problema, mas como um triste, deplorável e lamentável caso de arrogância, prepotência, incompetência, irresponsabilidade e grande falta de lealdade, solidariedade e respeito para com toda a sociedade Fio Dentalense em geral (onde se incluíam os senhores jornalistas) e muito em particular para com os pais/encarregados de educação, crianças e jovens e, claro está, os educadores e professores desse país.
Pelo que se sabia, estes valores arrogância e prepotência, ainda vinham do tempo em que a inquisição imperou no então reino. Diz-se reino, pois nessa altura ainda não era país. Esse reino chamava-se … azar e tinha um Rei muito Tirano.
Ora, a Escola que era feita, entre outros intervenientes, por pais, professores e Estado não conseguira, até então, corrigir e, a continuar dessa forma, acreditavam os homens livres e de bons costumes, não conseguiria resolver jamais tais virtudes, uma vez que a vontade de protagonismo e status quo instalado nesse país era de bradar aos céus.
Quanto à amizade, lealdade, solidariedade e respeito foi coisa que se perdeu. Primeiro com a queda do tirano, mais tarde com a perda de identidade, com os milhões de apoio de uma “confederação” de povos (contra-senso solidário) e com a necessidade exigida, pelos tais povos, de atingir altas taxas de sucesso e de convergência, o que levou a que se educassem/formassem pessoas que não olhavam a meios para atingir fins.
Nesses tempos estavam no governo do País do Fio Dental, pessoas que tiveram professores e pais que os deixaram prosseguir na escola e na vida por esta via sinistra e tortuosa, dada a grande falta de formação na área e o distúrbio interno de cada pessoa, próprio de quem tinha saído de uma tirania e passava a poder dizer livremente a sua palavra.
Não se soube educar/formar convenientemente os seus futuros governantes. O bom pai não é aquele que tudo dá a um filho, mas aquele que sabe dizer não, quando é não – dizia um dos anciãos daquele povo que acrescentava – que naquele tempo se tinha passado do oito para o oitenta. (Foi, também, por esta altura que o inspector-mor introduziu na história um parêntesis e apelou a todos os professores que lutassem por desenvolver até às últimas consequências os princípios e valores morais e éticos da lealdade, solidariedade, amizade e respeito, pois só assim os Fio Dentalenses teriam futuro.)
Ora - continuava o tal ancião – como se pode querer que depois as pessoas sejam competentes e responsáveis se não estão habituados a lutar por nada? Se tudo que querem têm. E se não conseguem, é só fazerem uma birrinha e já está…Ou então coligam-se (normalmente, com um dos progenitores ou outro invejoso professor) para atingir os seus próprios objectivos…
Realmente, não foi mais do que fizeram, até agora, estes senhores…

Moral da História
Haja bom senso e pense-se objectivamente naquilo que queremos e se a Educação/Formação das pessoas está verdadeiramente assegurada de forma a gerar governantes e responsáveis (seja pelo que for) que saibam ser leais, solidários, amigos, respeitadores e merecedores de vitalizarem condignamente a competência e a responsabilidade…

O Que Ficou por dizer … Breve Resumo do caos…

- Parem de brincar com a dignidade das pessoas. Se alguma vez houve razão para não dar tolerância de ponto, esse momento foi o dia 4 de Outubro de 2004. Pois como dizem e sabem, estamos muito atrasados e precisamos de trabalhar em todos os sectores. Caso não se tenham dado conta, o facto de não haver professores colocados teve aquilo a que se chama de efeito borboleta. Todos os sectores da sociedade perderam: pais que não trabalharam, empresas que não produziram, doentes que se criaram, casamentos estragados, pessoas endividadas, bancos prejudicados (pelos seus), son(h)os perdidos, misérias escondidas…

- Está bem que podem dizer-me que pouparam um mês de salários vezes 30 mil professores e que com a artimanha bem engendrada da Internet (obrigatória), do telefonema, do fax, da viagem, do selo, do papel gasto porque necessários e obrigatórios, equivale a dizer que foi um excelente encaixe monetário, logo uma boa ajuda para o cumprimento dos critérios de convergência.

- Mas sabem se isto fosse um país a sério e onde pelos erros cometidos se tivessem que pagar chorudas indemnizações, e quem cometesse esses erros por manifesta e comprovada incompetência e irresponsabilidade respondesse em tribunal por isso, talvez houvesse mais responsabilidade, cuidado, respeito e dignidade no acto de governar este país.

Portanto e porque já embolsaram algum dinheirito, aproveitem estas sugestões:

- Rentabilizem os recursos humanos do ME alargando e estabilizando os quadros de escola, uma vez que ficou provado que as escolas só com os seus efectivos dificilmente podem funcionar. Lembro que, já que, têm que pagar aos Professores dos Quadros de Zona Pedagógica, então façam um brilharete: reduzam o número de alunos por turma e assim a qualidade da educação melhora de certeza sem haver necessidade de educar/formar na incompetência, na irresponsabilidade e na ilusão só porque temos que apresentar números à UE; Será que, com o que se passou neste ano lectivo, os meninos foram pedagogicamente apoiados? Não foi lamentável que os meninos tivessem tido dois, três ou mais professores? Então isto não é preocupante? Para que andamos então a enganar e a enganar-mo-nos?...

- Parem de iludir os desempregados licenciados e aqueles que se querem licenciar. Se querem reciclar façam um estudo de mercado sério e que traga futuro a Portugal. Apostem, por exemplo, no turismo (não é para os governantes o praticarem) e, como tal, apostem na introdução precoce de uma ou duas línguas ao nível do 1º e 2º ciclo (uma vez que está provado que as crianças as aprendem mais facilmente quanto mais novas sejam).

- Transformem o primeiro ciclo numa pluridocência com carga horária adequada mas aproveitando todos os professores desempregados de Educação Visual e Tecnológica, de Educação Musical, de Educação Física, de Francês/Inglês e de Informática (lembrem-se que o futuro está nos computadores, de forma a que as próximas listas de colocação de professores não criem mais do(c)entes.

- Façam um favor à sociedade: assumam o vosso sacerdócio (lutar pela educação) e não deixem que pseudo-pedagogos deste país que, por incrível que pareça, têm uma capacidade e uma facilidade enorme em falar de qualquer assunto, sempre com muita propriedade, não apareçam a largar aleivosidades e patacoadas, acreditando, por exemplo, que deveriam ser as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, ou as Escolas a colocarem os educadores e professores que precisassem. Até parece, os que dizem estas barbaridades, que não sabem em que país vivemos (lembrem-se daquele que colocou a filha em medicina…) (perdoem-me todos aqueles que fazem da sua vida um acto de honradez, justiça e verdade).
Pois é, estes que abrem a boca e pensam que têm estatuto para dizer o que lhes apetece, das duas uma: ou são líricos/anjinhos ou querem gozar com os educadores e professores deste país. Para estes pedagogos de trazer por casa, aconselho a leitura atenta deste artigo.

- Numa frase: apostem verdadeiramente na educação/formação do nosso povo, pois só assim viveremos melhor!!!

Como eu costumo dizer:
Se o meu vizinho estiver bem na vida ainda me poderá valer, caso contrário só me resta esperar e desfalecer.

Enfim, muito mais poderia dizer e fazer, agora. Mas para que conste, jamais, me verão a fazer demagogia e Show Off, com aquilo que considero problemas sérios e graves dos educadores e professores deste país, pois é disso mesmo que se trata.
Jamais usem os educadores e professores para dizer que fazem e acontecem…


Que este pequeno e humilde resumo de ideias sirva também como uma singela homenagem a todos os educadores e professores deste país, pelas insónias e noites mal dormidas, pelas arrogâncias, prepotências e antipatias, pelo sofrimento e angústia vividos ao longo destes anos. Tenham coragem e não se esqueçam que o futuro do mundo está nas vossas mãos, pois são vocês que formam (talvez estejam é a formar mal) os futuros governantes. Aproveito para desejar umas boas e merecidíssimas férias para todos.
Espero que percebam de vez a mensagem… olhem que não é presunção! É mesmo vontade que o mundo mude, para bem de todos nós e sobretudo dos nossos filhos.
Para os senhores governantes: parem de ser hipócritas e não tratem só das vossas vidas…

Um dia no...
Ministério da Educação!

terça-feira, 14 de abril de 2009

QUAL AUTO EUROPA, QUAL QUIMONDA?! QUEM SE PREOCUPA?

O encerramento de escolas, de serviços, de empresas, de pequenas e médias empresas, de comércios disto e mais daquilo tem sido e vai ser cada vez mais uma triste realidade, sobretudo em meios do interior profundo, como é o caso das nossas terras.
No entanto, a preocupação, por quem de direito, não tem sido muita, para não dizer nenhuma, de há uma dezena de anos para cá.
O distrito de Bragança teve o seu boom por volta dos meados/finais dos anos 80. Infelizmente, para todos aqueles que gostam de ter qualidade de vida, os invejosos deste país resolveram pôr término a essa regalia. Isto porque este distrito assistirá este ano a um êxodo quase de dimensões bíblicas (salvaguardando as respectivas proporções) com a possível saída de imediato de aproximadamente 500 docentes aos quais se seguirão os respectivos conjugues e descendentes. Tudo porque dos cerca de 2300 educadores e professores dos diferentes graus de ensino a trabalhar neste QZP, só cerca de 1800 cá poderão continuar cá, uma vez que os números não enganam, só há 202 vagas positivas e 112 negativas no total dos diferentes grupos. Sem ser alarmista e, infelizmente, o tempo dar-nos-á razão (ficaria feliz se isso não acontecesse), não se entende mais esta atitude desbaratinadora e estritamente economicista do ME (à semelhança do que já assistimos com a Avaliação de Desempenho, com a Educação Especial, com a transferência de poderes para as autarquias…). E tudo isto em nome da qualidade oriunda de outros países como a Finlândia, por exemplo (p.e.). Mas será que importaram tudo desses países? Não, claro que não!
Para resolver este êxodo, há, entre outras, uma solução em nome da qualidade que defendo, há vários anos, e que evitaria, desde logo, este abandono do interior: a diminuição de alunos por turma e um aumento de professores na Educação Especial, em projectos, em áreas não curriculares, em apoios... contribuindo e combatendo, ao mesmo tempo, o insucesso e o abandono escolar, evitando o facilitismo e criando condições para que todos buscassem uma profissão e não um canudo.
Há, portanto, comportamentos e políticas que não se entendem. Quando há países ditos civilizados (da UE, p.e.) que investem tudo na descentralização e povoamento de todo o seu território, de forma a criar maior riqueza e mais-valias, em Portugal temos assistido a este crescente esvaziamento do interior, visando engrossar o litoral, nomeadamente Lisboa e Vale do Tejo, Porto e Península de Setúbal, regiões demarcadas pela falta de qualidade, mais particularmente, pela miséria, pela fome, pelo desemprego, pelo crescendo de favelas e sem abrigo, pela violência nas escolas logo na sociedade, na família, os roubos, os assaltos, a insegurança, enfim, aspectos que acabam por ser consequência da crise em todas as vertentes da vida humana que os grandes pensadores/políticos/economistas … dos anos 90 semearam, cultivaram e estamos agora a recolher.
Importa, pois, questionar o seguinte: o que deram as facilidades na educação? O que valeram as facilidades bancárias e o país subsídio dependente em que nos tornamos? Que adianta termos boas casas, bons carros e todas as comodidades criadas pela sociedade do consumo, intelecto-bárbara e selvagem (Silvestre, 2000) se não vamos ter pessoas com capacidade de compra para as adquirirem?
Sabemos bem que é mais fácil aquecer todos, se todos estiverem à roda da mesma fogueira (leia-se grandes centros) uma vez que a lenha será transportada toda para o mesmo sítio (por TGV, por Avião ou pelas Auto-estradas que se construíram ou se estão a construir); também só se gastará um fósforo para a acender; e também se gastará menos lenha, menos acendalhas…
Porém, esquecem-se os iluminados que desta forma não se consegue aquecer toda a gente, pois a roda, ao ser muito grande, fará com que aqueles que estão mais afastados tenham frio. E estes, pelo seu instinto de sobrevivência, próprio do ser humano, lutarão pelo fogo, o que fará com que outros também lutem e os tais deuses do lume ainda não perceberam que não se vão conseguir salvar, por mais posses que tenham.
Não é criando clivagens sociais e denegrindo injustamente profissões e pessoas que as vão conseguir ostracizar e amarfanhar.
A criação de reservas de indígenas (habitante que resistiu no Portugal profundo), quais viriatos, em nada contribuirá para o desenvolvimento de Portugal. Pelo contrário, voltaremos ao tempo das cavernas…
Não é privatizando tudo, inclusive a educação (escolas); não é salvando bancos (leia-se os amigos donos dos bancos); não é inventando cabreras (para quem estiver a ler e não for desta região, cabrera é uma espécie de rato que impediu a construção de uma estrada), morcegos e outras espécies que tal; não é com encerramentos de linhas e barragens, ou com a saída de professores (mão de obra especializadíssima), que consequentemente, arrastarão com eles famílias inteiras, restantes crianças (logo encerramento de mais escolas), comerciantes, serviços, e outros, que vamos tirar Portugal da crise.
A crise tem de ser resolvida com o contributo de todos: com respeito mútuo, com solidariedade, com dignidade, com justiça, com saúde, com educação, enfim com pessoas livres e de bons costumes que saibam que pouco conhecimento faz que as criaturas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É por isso que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto as cheias as baixam para a terra, sua mãe (Leonardo Da Vinci). O mesmo se irá passar certamente com as pessoas no mundo, terão que voltar ao chão: da terra viste para a terra hás-de voltar.
Se queira
 
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